domingo, 18 de fevereiro de 2007

APRESENTAÇÃO

Este blog é uma curiosidade que consiste numa recolha de temos falados em Toulões, mas, não sendo exclusivos de cá, muitos deles utilizam-se em practicamente toda na Zona Raiana.
Desta forma, não dando esta lista por completa, ficam os comentários abertos a quem queira colaborar para valorizar este léxico Raiano, fazendo menção da localidade onde o termo é utilizado.
Pegando nas palavras de Telmo Verdelho, autor do prefácio ao Dicionário de Trasmontanismos, também esta recolha de termos " é como um braçado de flores agrestes de encontro inesperado, recolhidas entre fragas e ribeiros, para alegria de olhos-ouvidos que teimam em salvar-se do ruído das cidades. Flores para todo o gosto do olhar e dos sentidos, como as palavras podem e devem ser para todo o gosto do sentir e do pensar, preenchendo, como as flores, este grande campo inconcreto que é o mundo do espírito, das ideias, dos desejos e dos afectos."
Com esta recolha de termos não tenho a pretensão de elaborar um Dicionário de Raiano porque, ao nível do tratamento da língua, do ponto de vista da semântica, da linguística, da gramática, etc., não possuo competências para tal.
Por esta razão, dos significados que dou de cada entrada, tento que sejam o mais fiéis possível, mas poderei nem sempre ter encontrado a ou as palavras mais adequadas, principalmente para aquelas que exprimem sentimentos ou estados de espírito. Também, nalguns casos, dado algumas palavras serem transcritas tal como se ouvem, a sua ortografia poderá não ser a mais correcta.
No entanto sempre servirá para mostrar uma forma de comunicação diferente aos forasteiros e para avivar a memória daqueles que, sendo raianos, deixaram de ouvir há muito os falares da Raia.

Este blog está em sintonia com o blog A ARCA VELHA, mas quero deixar aqui uma chamada de atenção para o blog BASÁGUEDA (Aldeia do Bispo / Penamacor), que de forma original define genuinamente os termos que constituem a NOSSA FALA.

Nota explicativa
As entradas estão escritas a negrito seguindo-se: a forma como se pronunciam, o significado (se for mais que um serão separados por um nº em ]) e exemplos de palavras integradas em frases. As palavras, que nas definições aparecem entre "aspas", fazem parte da lista.
Não constituindo uma regra:
1 - A sibilante ch, por influência do castelhano (?) diz-se quase sempre tch (Ex.: chave /tchave; borracha (bêbeda)/ borratcha, mas borracha (material) já não leva tch, assim como chávena / chávena).
O x de xaile ou de enxada conservam o valor actual.
2 - A letra a na penúltima sílaba toma em muitos casos o valor de e. Ex.: Tourada / toureda, buraca / bureca, diabo / diebo,
3 - O v é, em muitos casos, substituido por um b (lavrar / labrar, varanda / baranda), mas o contrário não se verifica.
4 - No ditongo ão, o ã toma o valor de em (nas definições ão aparece escrito êo) Ex.: Capitão /capit(em)o fogão / fog(em)o, mas por exemplo: cão, cambão não sofrem alteração
5 - As palavras terminadas em gem perdem o m. Ex.: Viagem / viage, ferrugem / ferruge, moagem / moage.
Que me lembre, a única excepção é: virgem.
Algumas das palavras aqui apresentadas, eventualmente, terão noutra terra significado diferente.

7 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo Chanesco (Tcahnesco?)

Estou impressionada com o seu trabalho. Isso é que é fôlego!

Muitos e muitos parabéns!

A partir de agora ser-me-á mais fácil os nossos modos de dizer, tantas vezes tão próximos.

Um abraço

Anônimo disse...

Extraórdinário dicionário que visitarei com afinco e interesse. No meu blogue VILA FLOR em Flor tenho também uma tema sobre o falar d Trás-os-Montes. Parabéns!!!!

Anônimo disse...

Desejo Boas Festas e Feliz Natal com a maior harmonia e felicidade.

Jofre Alves
http://couramagazine.blogs.sapo.pt/
http://couramagazinefoto.blogs.sapo.pt/

Patch disse...

É bom ver que alguém se interessa pela tradição sem ares de doutorice ... Como boa touloneira(nense?) contribuirei com todo o gosto e com a experiência da meus aninhos muitos por lá vividos , mas...onde está o seu email caro bloger???
aqui fica o meu, à disposição:
patchinlisbon@gmail.com

Anônimo disse...

Sem dúvida um grande trabalho.

Senhor Chanesco: com mais três Montargilenses estou a fazer a "Monografia Histórica de Montragil" na qual incluimos os "Falares de Montargil". Por exemplo, o vosso "Cheee", corresponde ao nosso "Icheee".
Entretanto, a pós ter tomado conhecimento deste seu trabalho, verifiquei que alguns termos são usados nas duas terras, e outros com algumas diferenças.
Posso dizer na Monografia que consultei (me inspirei) no seu Site?
Grato pela atenção

Joaquim Machoqueira

Joaquina S. Celestino disse...

Vesinho Chanesco:
Hoji intéi fequei assobaqueda!... Fui dêtéri o rabo do olho pró escrito «Ecos da Morracha » , que nã sabia que era seu .Antão nã éi que o vezinho e eu tevémos a mesmálembradura?|Mas , bomêcei é munto mai arrumadinho qu'eu ...Tem tudo já botado pelas letras ...Eu tenho, pr'aí , umas duas melhênas de palavras ,mas sou ma desarruméda . Mesm'assim quis manderi a bomêcei este mê recado e , se nalguma hora , o vezinho ó eu virermos com'aqueles que fazem escritos , fumus «pobretes mas honradetes»...
Assim vezinho trabuque beim , «raisocaganiça» !!..
Munta saudinha e vesitas
Xquina

Joaquina S. Celestino disse...

Vezinho , digo-lhe mai ,tudo quanto fori para beim do nosso concelho da Idenha -a - Nova ,eu fico mesmo munto sastefêta .Qu'a Senhora do Almotão o guarde
Xquina

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